sábado, 30 de abril de 2011

SER DOENTE INCURÁVEL NÃO É SINÔNIMO DE SUCATA!!!


A medicina não se imunizou contra esta nova mentalidade. Assim, ela não terá já por fim exclusivo curar o doente e, se isso não for possível, aliviá-lo dos seus sofrimentos e consolá-lo, mas recuperá-lo para um nível exigente e quase perfeito de qualidade de vida. Os hospitais convertem-se em oficinas de reparações: ou conserta os pequenos defeitos ou o destino é a sucata. Quem assim ordena é a nova aristocracia do bem-estar e do controlo demográfico. A medicina tomou-se, numa palavra, um instrumento da engenharia social. Os médicos têm de compreender que o seu primeiro dever ético -o respeito pela vida – se concretiza, antes de mais, no respeito pela vida debilitada. Em toda a medicina, o respeito pela vida está ligado, de forma indissolúvel, à aceitação da sua vulnerabilidade, à fragilidade do homem e à inevitabilidade da sua morte. O médico não tem nada a ver com os sãos e com os fortes, mas com os doentes e com os fracos, com gente que está perdendo o seu vigor físico e as suas faculdades mentais, em suma, com a vida.

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